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sábado, 16 de maio de 2015

O fabuloso espólio de Madame Jovina dos Prazeres



Inventário das sombras

O que deixou o espólio?
Algo além do imbróglio 
de rebuscar documentos
e reencontrar a estirpe
antes mero acessório?

O que sugeriu o espólio?
Que utilizemos 
o que nos restou de dignidade
numa derradeira homenagem?

O que exigiu o espólio?
Que alguns naveguem 
pelos vales das lágrimas
enquanto outros
no inventário das sombras
não partilhem sequer a dor premeditada?
(Luso poemas)
O fabuloso espólio de Madame Jovina dos Prazeres


            Lovelino não parava de pensar. Não pretendia e não queria nada do espolio de Madame Jovina dos Prazeres. Ninguem acreditou em seu amor por Madame Jovina. – Que se danem pensava. Agora ali, esperando uma recompensa? Um absurdo. O que mais ele queria é que ela estive ali com ele. Mas sabia que isso não iria acontecer. Ela tinha ido para sempre. Agora só as saudades lhe faziam companhia. Doces lembranças de um passado. Foi uma exigência do Comendador Praxedes da Aluvião. Achou que foi mais do que um convite. Uma intimação isso sim. Recusar? Impossível. Sentia-se um peixe fora d’água ali sentado na poltrona enorme de couro marrom, legítimo couro inglês (Deve ter custado uma nota!) importado. Nem olhava para os outros que estavam ali. Não eram amigos nunca foram.

            Sua mente não parava de buscar o passado. Não fora ninguém até o dia que a conheceu. Uma diferença de idade enorme. Poderia ter sido sua mãe, mas acabou sendo sua amante. Amante? Era muito mais. A mulher de sua vida eterna. Quantos anos se passaram? Muitos. Achava que mais de trinta. Afinal estava com vinte e cinco e agora com cinqüenta e cinco não esperava mais nada da vida. Se houvesse um espolio, que os filhos dela tomassem conta. Ele não queria nada. Ao perdê-la perdeu a vontade de viver. Perdeu o sentido da vida.

           O Comendador Praxedes da Aluvião além de juiz da comarca da cidade de Santa Genoveva era também o tabelião. Muito respeitado. Um vasto bigode que ele fazia questão de enrolar com os dedos sempre que estava junto a alguém. Usava sempre um jaquetão preto, uma gravata borboleta, uma botina “Jeca-Tatu” preta, não tinha carro e adorava sua charrete que dizia ter sido da Corte Inglesa. Ninguém o desobedecia. O ultimo que o desafiou está enterrado no cemitério da cidade, em uma cova nos fundos, com uma plaquinha que diz – Aqui jaz, um merda que morreu como um merda! Risos. É verdade. Quem duvidar pode ir lá ver.

           Lovelino voltou no tempo e lembrou quando viu Madame Jovina pela primeira vez. Nos seus vinte e cinco anos foi fazer uma entrega de vinhos importados que chegou pelo navio Pirineu no porto de Suape em Recife. Vindos da Itália, comprado especialmente para ela. Fora uma viagem longa. Mas seu chefe o explicou da sua responsabilidade e da figura do Comendador, o intermediário de Madame Jovina. Quando a viu seu coração bateu forte. Ela nem o notou. Agradeceu e ele se foi pensando que aquela era a mulher de sua vida.         Claro, era uma boate de ricos. Cheia de luzes coloridas, cortinas vermelha de seda, um amplo salão com poltronas também vermelhas de couro importado e as mulheres, eram lindas. Novinhas, sempre sorrindo com roupas transparentes. Maquiadas. Vendendo o que tinham de melhor. Mas ele não se interessou por nenhuma delas. Só por Madame Jovina. Uma morena de cabelos presos em coque, um rosto angelical apesar dos seus quarenta e poucos anos, uma face corada, lábios carnudos, vermelhos, olhos verdes, como se fossem duas esmeraldas incrustadas naquele rosto maravilhoso. Seus dentes quando sorria eram perfeitos.

          Estranhou, pois Santa Genoveva não era uma cidade grande. Mas depois soube que ali tinha as maiores fazendas de café de todo o país. Exportavam para o mundo todo. Coronéis, Comendadores, Duques, Marqueses, Viscondes eles eram assim chamados. Era fácil comprar um titulo naquela época. Quando se instalou em Santa Genoveva, Madame Jovina sentiu um ambiente propício para montar a melhor boate de mulheres de todo o nordeste. Procurou primeiro o Comendador Praxedes da Aluvião. Ele a olhou ressabiado. Mas gostou do que viu. Logo desejou estar com ela em uma cama enorme, fazendo estripulias mil. Afinal ainda era jovem. Menos de cinqüenta anos. Madame Jovina tinha experiência. Desde que fora expulsa de casa a vinte e cinco anos atrás, só porque se apaixonou por um português fogoso, sabia que sua vida seria aquela. Não uma prostituta qualquer. Mas teria classe. Seria chamada de madame.

           Lovelino largou o emprego em Recife e partiu para Santa Genoveva. Com a cara e coragem procurou Madame Jovina e se declarou. Disse que não queria que ela correspondesse, bastava aceitá-lo como empregado. Faria qualquer coisa. Ela não precisava pagar. Refeições e um quartinho para dormir. Em pouco tempo ele dormiu com ela. Um sonho. Achava que era o homem mais feliz do mundo. Ela o ensinou como proceder na cama. Nunca foi o amante perfeito. Sempre fora um “janota” nestas coisas. Nunca soube se Madame Jovina o amava. Nunca perguntou e ela nunca disse. Mas passaram a dormir juntos e ele já ajudava na direção da casa. Ela comprou muitas roupas para ele. Ensinou como dar o nó em uma gravata, a escolher a cor certa, a se portar como um cavalheiro. Ensinou como tratar as “funcionárias” para que elas dessem o máximo do seu corpo aos clientes famosos. Conheceu a nata dos grandes fazendeiros. Tinha grande respeito pelo Comendador Praxedes da Aluvião.

          Aos poucos foi ficando intimo de Madame Jovina. Intimo de sua vida, de suas escolhas, de como guardava as economias. Mas tinha dúvidas. Acreditava que ela não devia entregar tudo para o Comendador Praxedes da Aluvião. Afinal em Recife tinha ótimos bancos e lá seu dinheiro estaria mais seguro. Mas Madame Jovina ria e dizia – Calma meu amigo. Eu sei o que faço. Não nasci ontem. Que seja pensava. Na cidade ficou conhecido por todos. Era respeitado. Afinal se alguém disse algum contra ele não entraria nunca mais na casa de Madame Jovina. Ela lhe dava algum dinheiro semanalmente, que ele sabiamente guardava em um banco em Recife. Não era muito, mas dava para ele fazer umas economias. Um dia uma surpresa. Ela o apresentou a duas crianças. Manuelita de oito anos e Andresinho de dez. – São meus filhos disse. Estudam na Europa. – Na escola Tasis, uma tradicional escola Suíça. Localizada na região italiana da Suíça, em Lugano. Lovelino não sabia o que dizer. Achou as crianças lindas, mas elas o esnobaram.

           Um mês depois voltaram para a escola. Era assim. Uma vez por ano apareciam. Lovelino nunca teve ciúmes deles. Afinal eram filhos. A Cesar o que é de Cesar. Mas seu coração a cada dia ficava mais profundamente apaixonado por Madame Jovina. Seus olhos brilhavam em sua presença. Na suíte dela, na enorme cama de casal estilo Luiz IV, (importada da França) ele acreditava estar em outro mundo. Madame Jovina fazia sexo devagar, sem pressa. Gostava de ficar minutos e minutos sentada no membro dele de olhos fechados suspirando, seus lábios molhados até que um grito forte e ele sabia que ela estava terminando.

            Um dia lera um livro onde conheceu a historia da mitologia grega dos Doze Deuses Olímpicos. Moravam no Monte Olímpo. Eram peritos na arte, no amor, nos sonhos, e ele se transportava para ali, quando estava nos braços de Madame Jovina. Achava ela superior a Atena e Afrodite. Ah! Afrodite a deusa do amor. Ela teria muito a aprender com Madame Jovina. Ele não era nenhum Zeus, Posidon, Neptuno, ou mesmo Apolo. Não era bonito. Achava-se feio. Tinha o nariz achatado, seus lábios eram grosseiros, seu cabelo mais para crespo do que liso. Era alto, talvez um metro e setenta e oito. Não sabia. Meio cambota. Risos. Feio mesmo.

             Os anos se passaram. Cinco, dez, vinte anos. Os filhos de Madame Jovina cresceram. Manuelita virou uma linda moça. Puxou a mãe. Andresinho também se tornou um rapaz bem afeiçoado. Agora era medico. Ela se formou em Ciências Humanas. Não gostavam de Santa Genoveva. Visitavam a mãe esporadicamente. Ambos moravam agora na Itália. Ambos solteiros. Nem cartas escreviam. Lovelino notou que ela chorava por eles não darem notícia. Mas ela nunca reclamou com Lovelino. Madame Jovina um dia se desentendeu com o Coronel Liturgo. Ele queria que Márcia Lavínia ficasse com ele. Mas ela estava com Jaubert, por quem tinha se apaixonado.

             Era uma situação incomoda. Márcia estava ali para servir a clientela. Agora só vivia com Jaubert. Madame Jovina já a havia repreendido. – “Se gosta dele vá viver com ele”. Mas Jaubert era um perfeito gigolô. Não queria nada. Só mulheres e que elas o sustentassem. Lovelino resolveu agir. Deu uma prensa em Jaubert. Márcia caiu em prantos. Madame Jovina interveio e deu em nada. Tudo continuou como antes. Até que o Coronel Liturgo aprontou uma arruaça em pleno salão. Abarrotado de gente. Gritava, dizia palavrões. Lovelino foi até ele. Recebeu um soco na cara. Sem consultar Madame Jovina, Lovelino o agarrou pelo paletó e o jogou fora da casa. Ele sacou um revolver e atirou em Lovelino. O tiro pegou de raspão, mas Lovelino tomou dele a arma e lhe deu uns pontas-pé no trazeiro. Foi à conta. Lovelino encontrou um inimigo de morte. Agora era ele ou Lovelino. Melhor que fosse o coronel. Armou uma emboscada a noite. Deu cinco tiros no Coronel Liturgo e dois em seu capanga. Todos desconfiaram dele. O delegado o inquiriu várias vezes. Mas era amigo de Madame Jovina. O assunto morreu por aí.

              Lovelino pegou fama. “Jagunço de Lampião” Todos tinham medo dele. Madame Jovina até gostou. Agora em sua “casa” haveria maior respeito. Mais dez anos se passaram. Cada dia mais Lovelino sentia que seu amor crescia. Era como se Madame Jovina fizesse parte dele. Não ficava muito tempo longe dela. O dia inteiro a procurando pela casa. Tornou-se até inconveniente. Ela lhe disse um dia. - Meu amigo Lovelino. Não seja assim, você sabe que eu gosto de você. Aqui nunca fiquei com ninguém. Mas você está sendo “chato” não sai de perto de mim.

            Lovelino se tocou. Sabia que não era “dono” dela. Poderia colocar tudo a perder. Tudo que conquistou. Madame Jovina estava com setenta e cinco anos. Mantinha ainda aquela pose altiva, aquele semblante de uma dama irresistível. Lovelino sorria por dentro. Fosse o que fosse era feliz. Muito. Um dia foi a Recife fazer umas compras para Madame Jovina. Ficou por lá cinco dias. Quando voltou encontrou um grande ajuntamento de pessoas em frente à boate. Assustou. Correu e subiu as escadas. Madame Jovina estava deitada na cama de casal, e seus olhos fechados.

            Lovelino se aproximou chorando. Minha Deusa! Meu único amor! Você não pode partir! Não pode morrer. Morrerei contigo se você se for. Mas Madame Jovina estava morta. Morte natural. Lovelino chorava como um menino. Estava com cinqüenta e cinco anos. Um homem apaixonado. Seu amor partiu. Não havia motivo para ele continuar vivendo. As moças da boate choravam com ele. Não tinham idéia do que iria acontecer. Foram dois dias inconsoláveis para Lovelino. O funeral ele assistiu soluçando. Ninguem para consolá-lo. Os filhos de Madame Jovina não estavam presentes. Ele tinha passado um telegrama. Sabia que não chegariam a tempo.

            A necrópole estava vazia. Todos já haviam ido. Lovelino não. Sentado no mausoléu de Madame Jovina ele não parava de soluçar. Pensou em tirar sua vida ali. Mas era um cristão. Não acreditava que morrendo iria encontrar Madame Jovina. Sabia que não. Sabia que um dia iria encontrá-la. Mas só Deus deveria saber como e onde. Ficou ali no cemitério a noite toda. Os responsáveis vieram dizer para ele que era hora de fechar. Ele não respondeu. Fechou os olhos e a viu em sonhos. Ela dizia que ele fora seu melhor amigo. Quando ele se fosse do mundo ficariam juntos novamente.

            O dia amanheceu. Uma garoa fina. Não havia trovões. O céu cinzento. Lovelino foi para casa. Um ultimo adeus a Madame Jovina. Uma pequena rosa ele colocou em seu mausoléu. Reuniu as moças no salão vermelho. Disse que não tinha vontade de continuar. Iria esperar os filhos dela para saber o que fazer. Que elas tirassem umas férias de vinte dias. Depois ele iria dizer o que foi resolvido. Lovelino ficou só na boate. Mandou fazer uma foto enorme dela. Passava horas e horas sentado na cama de Madame Jovina. Olhando a foto dela e sentindo sua presença. Parou de chorar. Alguém devia tomar as providencias necessárias para tudo.

           Agora estava ali. Na sala de espera do Comendador Praxedes da Aluvião. Ao seu lado Manuelita e Andresinho. Os filhos de Madame Jovina nem olhavam para ele. Sérios. Mal conversavam entre si. Lovelino se sentia desconfortável. Mas não tinha saída. O Comendador Praxedes da Aluvião o havia convocado para essa reunião. Iria dizer o que Madame Jovina tinha decidido de sua fortuna. Ele não queria nada. Nunca pediu nada. Suas economias no banco em Recife seriam suficientes para ele viver o resto de sua vida. Nunca mais iria se unir a uma mulher. Para ele só tinha havido uma. Madame Jovina. Ninguém poderia substituí-la. Fechou os olhos e pensava do que seria sua vida daí em diante. O passado se fora. Não iria enterrá-lo. Nunca. Ela iria viver em sua mente para sempre. Fora parte de sua vida. A mais importante. A mulher de seus sonhos. O amor de sua vida. Queria sair dali logo, mas tinha de aguardar. Era surreal tudo que estava acontecendo com ele.

        Finalmente o Comendador Praxedes da Aluvião os chamou ao seu escritório. Queria ficar em pé, ouvir e partir. Mas foi obrigado a sentar como os demais. – Que todos fiquem sabendo, que no ano da graça de Nosso senhor Jesus Cristo, no dia 22 de agosto de 1977, dona Madame Jovina dos Prazeres, aqui esteve junto com as testemunhas Sr. Mario Tenedes e Senhor Escrutino Xandoval, ditou seu testamento conforme abaixo escrito e que leio para todos vocês. De plena posse de minhas faculdades mentais, quero que toda minha fortuna, seja assim dividida: – Tudo que tenho em mãos do Comendador Praxedes da Aluvião seja entregue em partes iguais, aos meus filhos Manuelita dos Prazeres e Andresinho dos Prazeres. Também as terras e fazendas localizadas no vale do Imbu, próximo ao Rio Quitanda, seja inventariada e divida entre eles. Caso eles acharem melhor fazer uma divisão entre si, estou plenamente de acordo.

          O Comendador Praxedes da Aluvião fez uma pausa. Olhou para Lovelino como a dizer, você não ganhou nada. Mas não foi bem assim. Continuou o Comendador Praxedes da Aluvião – Que minha boate, seus pertences, tudo que ali se encontra seja doado ao meu amigo Lovelino Santo Angelo, inclusive a escritura da casa, e que ele prometa que irá cuidar das moças, dirigir e dar prosseguimento a tudo àquilo que amei em vida. Lovelino se assustou. Não esperava aquilo. Os filhos de Madame Jovina se levantaram e se retiraram. Lovelino nunca mais os viu. Não era o que queria. Pensou em vender tudo e ir embora por esse mundo de Deus. Mas não foi esse o desejo de Madame Jovina. Que assim seja. Sua vontade será cumprida. Lovelino cumpriu sua sina. Nunca mais sorriu. Passava horas e horas sentado na cama Luiz IV de Madame Jovina olhando sua foto na parede. Dizem às moças que ali trabalhavam que ele conversava com ela horas e horas.

        Conta-se uma fábula, que Lovelino “enricou”. Comprou um titulo de Marques e se tornou o Marques de Lovelino Loreal. Diz também à fábula que ele deixou os cabelos crescerem, brancos, meios crespos. Um enorme bigode que ele enrolava com os dedos. Comprou um jaquetão azul, gravata borboleta, se tornou um profeta dizendo que os fins dos tempos estavam próximos. Não saia do quarto de Madame Jovina. Ali foi encontrado um dia. Sentado. Mas mortinho da silva.  Seus olhos estavam abertos. A olhar profundamente o retrato de Madame Jovina. Um sorriso em seus lábios grossos dizia que havia encontrado o que procurava no outro lado da vida. Ninguem soube mais nada, pois não sabiam também de onde ele teria vindo, se tinha parentes, nada. As moças resolveram fazer uma sociedade da casa. Descobriram uma carta de Madame Jovina. Nela ela dizia que sempre amou Lovelino e ficaram intrigadas. Porque nunca disse isso a ele?

        Setenta anos depois, nasceram em uma cidade chamada Pontal do Amor, no interior do Ceará, dois jovens, filhos de pais diferentes. Ela foi batizada de Jovina. Ele de Lovelino. Um dia se encontram em um jardim da praça da cidade. Ela colhendo flores, ele olhando as borboletas. Dizem, ou melhor, a fábula conta que se apaixonaram e que viveram felizes para sempre. Mas fábulas são fabulas. São contadas por escritores, poetas e trovadores. Eu não posso dizer se é verdade ou não. Que cada um faça sua própria historia e dê o final que achar válido. Para dizer a verdade, eu não acredito em fábulas! Risos. 
  

Quanto nos cobra o poema:
- por uma sinfonia de metáforas
- por uma visitação à alma
- por um deslumbre de vôos?

Ou desapegado da matéria 
doa-nos, ele, complacente
as suas inefáveis asas?

O preço do poema, senhores,

é o poeta quem paga!


(Luso poemas)

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