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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A maldição de um incesto doentio.




Apenas um beijo...

- Não se esquive, não diga não, imploro.
Vai ser apenas um beijo, um segundo,
Aceite, não é tão difícil te adoro.
Você sabe, vai ser um beijo sincero,
Do jeito que diz não e eu quero...

Por favor, feche os olhos e sinta,
Eu sei que também queres,
Deixe acontecer, não minta,
Você tão longe, apenas ilusão,
Você não está aqui, não diga não.

Vou beijar você, devagar,
Apenas uma caricia uma brisa leve
Eu sei que nunca vai me amar
Claro, seria como a carícia do vento,
História sem adeus, sonhar...

Deixe acontecer esta fantasia
Que imaginei em beijar você um dia.
Não se esquive, por favor, não diga não.
Para você nada, para mim tudo.
Presa no peito, grande paixão.

Adeus... Depois de beijar você
Agora tão longe, um sonho abstrato.
Vou ficar aqui olhando seu retrato
Amando você, sabendo que o fiz,
E dizer ao mundo, agora sou feliz...
Osvaldo.

A maldição de um incesto doentio.

            Eu entrei no quarto e o vi chicoteando a minha mãe. Ela gritava possessa não de dor eu pensava, mas de vergonha por apanhar todos os dias dele. Ele largou o chicote e deu nela um soco na barriga e outro no rosto. Ela caiu sangrando. Ele olhou para mim com os olhos de fogo e me deu um forte soco no meu rosto e um chute por trás. Doeu e como doeu. Não foi a primeira vez. Com meus oito anos eu já tinha sido espancada por ele muitas vezes. E mamãe? Uma ou duas vezes ao dia. Nunca reclamou. Dizia que o amava. Que amor era este? Ele pegou sua mala e saiu pela porta. Não disse nada. Nunca mais voltou. Minha mãe chorou por meses. Mesmo sendo agredida diariamente ela gostava dele. Um amor que eu nunca entendi. Quando ele partiu senti-me livre e só ficava triste ao ver minha mãe chorar. Que pena de minha mãe. Chorei com ela em seu quarto escuro. Dele não ia sentir saudades. Se pudesse, se tivesse forças e condições eu o teria matado com alegria. Sei que era meu pai, mas era um homem ordinário que não merecia nada que o mundo pudesse lhe dar. Interessante que minha mãe em vez de ficar feliz com sua partida ela chorava dizendo sentir sua falta.

          Eu tentava consolar minha mãe todos os dias e não adiantava. Ela definhava e um ano depois morreu. Com 10 anos não sabia o que ia ser da minha vida. Chorei é claro pela falta dela e dele não. Quando pensava nele um ódio surgia em meu coração. Melhor esquecê-lo. Precisava viver. Esperava que quando crescesse ele não cruzasse o meu caminho. Uma prima de minha mãe disse ao Juiz que tomaria conta de mim. A seu modo ela ficou comigo por seis anos. Não era má pessoa e vi que ficava muito tempo fora. Aos poucos descobri o que ela fazia. Fiquei calada e nada disse. Ela desconfiou – Preciso fazer o que faço Nancy. Dizem que sou uma mulher da vida. Não tenho outra maneira de sobreviver. Não disse nada, afinal ela me dava um lar, comida, roupa lavada e de vez em quando uns centavos para ir ao cinema ou comprar um sorvete. Todos diziam que eu era muda. Até na escola me chamavam de mudinha. Eu falava pouco. Nunca tinha assunto para conversar com ninguém. Aos dezessete anos consegui um trabalho no Bar do Bob Nelson. Meu corpo magro mudou. Meus cabelos desgrenhados agora eram outros. Muitos que me conheciam diziam que eu não era mais aquela menina magrela, seios pequenos pernas finas e que não chamavam a atenção de ninguém.

             Isto me ajudou bastante para espantar os desejos que não tinha. Para dizer a verdade em não sabia o que queria da minha vida. Não sonhava casar com ninguém. Minha mãe foi exemplo para mim. Nunca ninguém me olhou ou sentiu atração e eu sabia que não tinha nada a oferecer. Mas nem tudo fica no tempo passado. O presente agora era outro. Muitos assoviavam quando eu passava, outros diziam que eu era um “pitéu”. Nunca liguei para eles. Continuei estudando e quando fiz dezoito anos terminei o segundo grau e resolvi fazer o ENEM. Para minha surpresa fiquei muito bem colocada. Tive sorte e entre em uma pequena faculdade em Juiz de Fora. Escolhi Direito. Talvez porque uma amiga minha virtual do Rio de Janeiro sempre comentava no Facebook que adorava advocacia. Ela nunca reclamou e quem sabe eu seria uma?

          Mudei para Juiz de Fora e não consegui emprego. Precisava. Não tinha condições de pagar ninguém por um quartinho e precisava estudar. Morelo era da minha classe. Disse que tinha uma casinha no subúrbio e eu poderia usar. Muito Inocente fui para lá. Só uma cama e um chuveiro. Estava bem próximo da Zona do meretrício. Não ligue até o dia que Morelo e dois amigos embriagados me violentaram. Machucaram-me muito. Nem sei como me deixaram sair viva. Sai dali correndo e fui direto a delegacia. Os investigadores riram muito de mim. Porra menina! Vá gostar de dar assim lá no inferno! Sai dali correndo. Juiz de Fora não era minha cidade, eu não gostava de lá e ela me maltratou. Peguei um ônibus para Vitória da Conquista na Bahia. Por quê? Para dizer a verdade ao chegar à rodoviária vi dois casais se beijando e ouvi deles que iriam para aquela cidade. Na rodoviária de Vitória da Conquista alguém oferecia quartos em uma pensão que diziam ser central. Não era. Mas fui sabendo que não tinha dinheiro para pagar.

       Dona Eulália não disse nada. - Dou-lhe crédito de dois meses. Emprego ali? Nem pensar. Só a noite lanchava ou tomava uma sopa com dona Eulália. – Nancy, seu tempo acabou. Não posso mais alugar o quarto para você. Meus olhos encheram-se de lágrimas. – Me dê uma semana dona Eulália. Ela balançou a cabeça concordando. Meu sonho de estudar não existia mais. Emprego não conseguia. A fome me perseguia. Um carro parou ao meu lado. Um homem idoso de bigode e barba bem escovada me chamou – Quanto? - Quanto o que – perguntei. - Sua pombinha – É cara? Olhei para ele e ele sorriu. Um belo sorriso. Em segundos resolvi ser uma “puta”. Não sabia fazer mais nada. Morrer de fome ou de frio ou ser estuprada por alguém não valeria a pena. Se me queriam “comer” e me pagassem tudo bem. Melhor que nada. Manfredo gostou tanto de mim que me convidou para ser amante dele. Tinha mulher e cinco filhos e não podia me oferecer casamento.

             Morava bem. Um belo apartamento na avenida mais bonita da cidade. Gostava quando Manfredo não aparecia para passear pela Avenida Olívia Flores. No meu apartamento no quinto andar tinha uma vista linda. A vida não é fácil, pois tudo que é bom dura pouco. Bruno Lopes comentou um dia que nem tudo que nos faz bem fica por muito tempo. Às vezes só suficiente para se tornar inesquecível, intenso, nos passar alguma mensagem, nos fazer feliz e também deixar uma saudade. Eu sabia que todas as pessoas chegam as nossas vidas por uma razão qualquer, seja apenas durante certo tempo, ou seja, para toda a vida. Meu fim ou meu ciclo estava terminando. A esposa do Manfredo bateu a porta, abri e ela entrou atirando. Deus meu! Foi um susto! Pior que a dor que sentia. Chamou-me de puta, de escrota, de mulher de vida, de bagulho e tantas outras coisas que não mais ouvia. Estava desmaiada. Dois meses depois me deram alta. Uma enfermeira me disse que eu nasci de novo. Nasci de novo? Eu devia ter morrido. Vida miserável era a minha.

          De novo na rua, na estrada sem saber para onde ir. Mercedes parou seu carro, dou risadas quando lembro, chamava-se Mercedes e andava em um fusquinha. – Estou vendo que está na pior! – Olhei para ela e não disse nada. Só posso lhe oferecer uma estadia no meu bordel. Você é moça inteligente. Deve saber o que vai fazer. Não titubeei duas vezes. Foram dois anos. Juntei tostão por tostão. Desta vez não ficaria na pior. Dei minha pombinha para coronéis, capitães, prefeitos, juízes, delegados e eles adoravam. Diziam que eu era a rapariga mais gostosa da zona. Um ano e já tinha mais de quatrocentos mil reais. Uma fábula. Era o que queria. Iria ter minha própria casa, meu próprio bordel. Ia ser a dona, a chique, a madame. – Quando me lembro de tudo dou risadas. Não é que ele entrou todo posudo com duas putas do lado, um enorme charuto, óculos escuros, um chapéu texano branco e me olhou espantado. Achei que tinha me reconhecido, mas não. Para ele eu era só uma puta rameira que estava ali para dar a todo mundo. - Venha ele disse. Junte-se a mim. Sou foda com três. Já fiz gozar seis mulheres em menos de uma hora!

         Meu corpo tremeu. A raiva aflorou. Agora tinha uma certa idade, sabia me controlar. Ele não perdia por esperar. – Livre-se das duas se ficarei contigo. Ele riu – Mas não quer foder com três? Não disse nada. Ele mandou as duas sumir. O olhar de ódio delas sobre mim foi horrível. Quase desisti do que pretendia fazer. – Olhe eu disse, estou com um tesão enorme. Vamos subir, quero ver se você é só gogó ou sabe foder bem. Ele deu a risada que conhecia. A risada quando batia na minha mãe, quando ela chorava pedindo perdão, um perdão que não sabia o porquê. Subimos ao meu quarto. Ele com aquele estilo profissional que pensava enganar as putas. Tirou tudo menos as botas de couro. Diziam que os bons de cama sempre faziam amor com as botas calçadas. Ri para mim mesmo. “Eu sabia de outra, você pode viver descalço, mas não morra sem suas botas” – Não disse a ele nada. Tirei minha roupa. Fui ao banheiro. Eu tinha embaixo da pia um punhal. Dos bons. Diziam que ele conheceu dezenas de entranhas humanas onde ele passeou.

     - Não se lembra de mim? – Ele nem pensou no que eu falava. Só olhava meu corpo. – Agora vou lembrar para sempre e riu. - Quando comer você nunca mais vou esquecer, e você também vai lembrar-se de mim para sempre! Ele disse. Maldito pensei. Fingi que ia beijá-lo. Ele abriu aquela boca horrenda que eu conhecia bem quando espancava minha mãe. Agora vi que para ele bater nela era sentir um orgasmo. Forte, gostoso acho que era assim que ele gozava. Bater em mulher. Quando ele viu que eu parava de sorrir e sentiu a ponta do punhal no pescoço deu um grito, não deu tempo. Enfiei o punhal que vazou do outro lado. Ele tentava falar, mas eu tinha furado sua carótida. O sangue saia pela boca. – Quer me comer papai? Quer foder sua filhinha? Fique a vontade. Só que aqui não vai dar mais. Agora só no inferno aonde vamos nos encontrar breve. Seus olhos brilharam. Ele tinha me reconhecido agora. Deu vários espasmos querendo dizer alguma coisa. E Comecei a rir, a lembrar da minha mãe, dos socos que ele me dava, e do olhar da minha mãe quando morreu. “Morra maldito”.

        Fernando Pessoa dizia que “ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida”. Perdão eu nunca perdoei, esperanças eu sempre tive, medo também, agora amor eu nunca tive. Nunca amei ninguém. Faltam cinco dias para sair daqui. Foram dezoito anos atrás das grades. Acho que foi o único local onde tive pessoas que gostavam de mim. Não me arrependo de nada, e se tivesse de voltar no tempo faria a mesma coisa de novo. Sairei quem sabe mais feliz que quando entrei. Fiz o que tinha de fazer. O futuro era cor de rosa. Meu dinheiro na caixa deve ter rendido muito nestes dezoito anos.

           Meu futuro? Estou pensando. Uma bela mansão onde poderia montar a melhor casa suspeita da cidade? Pode ser. Se não poderei viver dos trocados mensais dos juros. Tudo é válido. Dormi com muitos homens e a verdade é que nunca fui de nenhum deles. Não sentia nada. Sabia fingir e muito bem. Os idiotas achavam que eu era a maior puta de todos os tempos. Quando lembro dou boas risadas. Sabe do que tenho saudades? De uma cerveja. Botando o pé na rua vou tomar todas que tenho direito. Homens! Puta merda, nunca mais!

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... Esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Um comentário:

  1. Olá!
    Após pesquisas online, percebi que há pouca informação na internet a respeito de incesto, um verdadeiro tabu. Há relatos de alguns casos, porém não achei nada parecido com o meu. Sinto a necessidade de falar sobre o assunto, de dividir essa eterna tormenta. A minha história de vida inclui além do incesto, tentativa de suicídio, isolamento social, divórcio dos meus pais, minha mãe diagnosticada com esquizofrenia e a minha vagarosa recuperação.
    O meu blog é o: http://sobreviventedeincesto.blogspot.com.br/
    O tabu do incesto - eu sobrevivi
    sobreviventedeincesto.blogspot.com

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