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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Doutor Freed D’olison, o Capo de tutti i capi.



O mafioso.
Perdido nessa trama de mentiras
Nessa rede de intrigas

Tua estrada é sem fim
Tua existência é suja

Mais uma carta
Uma aposta
Um tiro como resposta
Treze cigarros jogados ao chão
Cinco garrafas quebradas na mão

Tarde demais, tarde demais
Sete corpos deixados p'ra trás
Foi longe demais, longe demais
Dezessete vidas que seguem sem paz

Por ruas desertas
Cantando pneus
Enredos que não são teus
São teu filme em preto-e-branco
Manchados de sangue, manchados de espanto
Manchados de cifra$

Mas onde vai?
Vão te encontrar
Calma, calma...!
Vão assassinar a tua alma.

Nanda_Vamp

Doutor Freed D’olison, o Capo de tutti i capi.

Dias de hoje.

                Doutor Freed D’olison não esperava visita, isto é não esperava ninguém. Nunca foi procurado em sua casa a não ser pelos casos especiais. Olhou de soslaio pela janela. Quatro homens carregando outro. Seu coração bateu forte. Nunca recusou ajudar ninguém. Abriu a porta e foi empurrado por um homem com o triplo de sua altura. Gritou para ele – Chame o Doutor urgente anão aleijado! Doutor Freed D’olison não se sentiu ofendido. Quantas e quantas vezes tinham dito isto para ele. – Eu sou o Doutor Freed D’olison – disse. O que vinha mais atrás foi mais educado. – Precisamos de você. Meu irmão foi baleado. Um tiro na barriga. – Doutor Freed D’olison sabia que  eram bandidos caso contrário teriam ido a um hospital. Sabiam quem ele era. Um ano antes socorrera um jovem de dezessete anos com uma bala bem perto do coração. Atiraram nele em frente sua casa. Ninguém o socorreu. Só ele. Operou ali mesmo no quartinho que tinha nos fundos da casa.

                 O jovem ficou bom. Agradeceu ao Doutor Freed D’olison e ele nada disse. Sabia que o jovem devia pertencer a alguma gang do bairro. Começou então uma busca frenética por seus conhecimentos médicos. Dificilmente olhavam para ele, mas o respeitavam como profissional. Nunca perdeu um paciente para o demônio. Isto mesmo. Todos que apareciam eram bandidos. Uma vez a policia bateu em sua porta. O empurrou entrando a força. Ele não disse nada. Dizer o que? Colocaram nele as algemas. Na saída mais de trinta bandidos armados até os dentes. Soltaram-no. Um dos bandidos disse aos policias que nunca mais fizessem aquilo. Se fizerem vai correr sangue. Não os seus e sim de seus filhos da sua mãe, do seu pai! Deixaram o Doutor Freed D’olison em paz por muitos anos.

Dias de ontem.

                 Sua mãe fazia tudo por ele. Nunca escondeu nada. Disse que ele nasceu em um beco sujo. Uma travessa da São João. Parto normal e ela ria quando contava. Ele nasceu com uma enorme corcunda. – Não dá para operar dona. – Disseram os médicos. O levou para casa. A principio tinha raiva dele. Um toquinho feio, uma corcunda que parecia mais ser filho do Diabo. Aos cinco anos ele não falava. Aos sete balbuciava. Foi para a escola. Ridicularizado mas as professoras ficaram impressionadas com sua inteligência. Aprendia tudo com rapidez. Tinha dificuldade não fala e pela sua aparência ninguém deu muita bola para ele. Sua mãe que o odiava passou a amá-lo. Jurou que ia fazer dele alguém. Aprendeu a mendigar na esquina da Paulista. Levava um pedaço de carne estragada, amarrava na perna e se fazia de coitada doente.

                     Todo o dinheiro que ganhou foi para pagar a escola do filho. Sorriu sem gritar quando ele foi o terceiro classificado no vestibular para medicina na USP. Formou-se como o primeiro da turma. Não foi chamado por nenhum hospital. Tentou residência em vários. Com muito custo a troco de um salario de fome achou um humilde próximo a São Paulo. Ficou lá três anos. Era um médico com uma facilidade grande de curar e operar. Tinha as mão de seda. Mas sua aparecia não ajudava. Agora com trinta e dois anos seu rosto era cheio de espinhas. Quase não tinha nariz e o cabelo caiu todo. Usava uma peruca velha quando andava na rua, mas quem olhava para ele dava voltas.

Dias de hoje.

                     Sua fama cresceu no mundo do crime. Dom Pergoto de Cassiole era um Capo de tutti i capi. Todos o reverenciavam. Sua filha vivia tossindo. Passou a cuspir sangue. Os melhores médicos da capital disseram não saber o que fazer. Não era tuberculose. Mas Chiquita de Cassiole a cada dia definhava mais. Foi Bate Volta quem sugeriu o Doutor Freed D’olison. Dom Pergoto de Cassiole mandou buscá-lo. Assustou quando ele chegou. Afinal o que viu foi um anão mais feio que o diabo e com uma corcunda enorme. Bate Volta disse para acreditar nele. Chefe, o homem é feio, mas é bom demais. – Tudo bem disse. Se este anão filho duma égua não curar minha filha, vou encher ele de mel e jogar para as formigas lá na grota do capeta. Foi amor à primeira vista. O Doutor Freed D’olison se apaixonou pela paciente. Ficou na mansão de Dom Pergoto de Cassiole por dois meses. A cada dia a Chiquita de Cassiole ficava mais formosa. Sua tosse sumiu.

                 O Doutor Freed D’olison foi convidado e passou a morar na mansão de Dom Pergoto de Cassiole. Gentileza dele como explicou. Foi feito um quarto especial. Dom Pergoto não fazia nada sem consultá-lo. O Doutor Freed D’olison um dia pediu a mão de Chiquita de Cassiole. – Nem morto meu caro Doutor. Nem morto. Ela a minha linda filha casar com você? Se ponha no seu lugar! – O Doutor Freed D’olison não se sentiu ofendido, pois era comum ser tratado assim. Mas o tempo pensava vai modificar tudo. Ele sabia que Chiquita de Cassiole um dia seria sua esposa. Junto com o capo ele viajou o mundo. Ficou conhecido como o maior médico cirurgião da terra. Claro isto no meio dos homens sem caráter e sem alma. Sua fama foi tanta que Reis e Rainhas, grandes empresários passaram a procurá-lo. Tirou um câncer terminal do primeiro ministro russo. Seu nome ficou famoso. Ricaços o procuravam. Criminosos famosos desciam todos os dias em seus jatinhos em Congonhas. A policia paulista estava de prontidão, mas as ordens para prendê-lo não vinham nunca. Pudera, o governador e o prefeito lhe deviam favores. Sem contar centenas de vereadores, deputados e senadores.

                 Diziam que o melhor hospital de Brasília era a ponte aérea para São Paulo. Agora não. Era mandar um jatinho buscar o Doutor Freed D’olison. Dom Pergoto de Cassiole morreu de causas desconhecidas. Ninguém nunca soube o que acontecera. Começou a definhar, definhar até que um dia apareceu morto em sua cama. Deixou o Doutor Freed D’olison em seu lugar. Ninguém disse nada. Havia uma espécie de medo por parte dos outros capos. Tudo estava mudando. O Doutor Freed D’olison mostrou outra face. Trouxe sua mãe velhinha para a mansão. Disse para Chiquita de Cassiole que se não casasse com ele seria colocada na rua. Não foi um casamento suntuoso. Casou-se na igrejinha de São Judas Tadeu. Convidados só os oito capos que ainda achavam que mandavam. Chiquita de Cassiole tremeu quando foi para a cama com ele. Fechou os olhos de medo e horror. Mas incrível, ele deu a ela orgasmos que ela nunca antes experimentou.

               O Doutor Freed D’olison demonstrou para ela como um amante nunca antes imaginado. Tudo mudou para ela depois desta noite. Não sabia como, mas estava se apaixonando por aquele anão corcunda feio de doer. Impossível dizia para sí própria, mas a cada noite mais e mais ansiava pelo seu corpo.  O Doutor Freed D’olison satisfazia a ela varias vezes a noite. Mas a medita que o tempo foi passando o desejo foi diminuindo. Chiquita Cassiole viu que tudo desmoronava. Seu esposo não era mais o mesmo. A tratava com displicência, não ligava mais para ela. Agora só se preocupava pelos negócios. Sem ele perceber começou a transar com um segurança da casa. Mal ela sabia que Parquito era um agente federal infiltrado.

               O Doutor Freed D’olison tinha um plano para desaparecer com todos os capos do estado. Na última reunião deles sentiu um ar de deboche para com sua figura. Eles não perdem por esperar disse para si. Ele sabia que não podia confiar em ninguém. Bate Volta até que se mostrava fiel, mas a traição está escondida na sua pessoa. Você não sabe até ver que foi traído. Desconfiou de Parquito, o segurança. Ninguém sabia o nome dele e nem quando foi admitido. Quando passava perto dele sentia o perfume de Chiquita. Uma tarde o convidou para tomar um café com ele. Parquito ficou de olhos abertos. Aquele Anão filho da puta não era de confiança. Bebeu devagar para sentir o gosto. Não adiantou. Sentiu seu corpo endurecer. Sua mente fervilhava, mas o corpo não obedecia. Tentou falar e não conseguiu.

            Viu quando o Anão desgraçado o arrastou até a sala de operações. Sentiu o bisturi cortando seus braços. Ele cortava devagar, rindo e dizendo para Parquito – Vais sentir dor Parquito. Muito e não poderá mexer com o corpo e nem falar. Quero que você sinta meu ódio. Você não sabe como me sinto sendo traído pela minha mulher. O dia dela vai chegar. - A dor era tremenda. Ele cortou cada braço e cada perna com maestria. Jogou tudo em uma banheira que estava cheia de acido. Depois se sentiu carregado e jogado na banheira. O acido queimava. Doía horrivelmente. Morreu lentamente a gritar e pedir pelo amor de Deus que parasse. Ninguém ouvia. Seu corpo estava mudo. Chiquita desconfiou do desaparecimento de Parquito. Nunca desconfiou que seu marido o tivesse matado.

           O Doutor Freed D’olison planejou tudo. A reunião seria feita em um galpão abandonado próximo a Guarulhos. Sabia que todos os Chefões iriam aparecer. Sabia que eles se sentiam ameaçados e levariam o maior número de seguranças possíveis. Não importava. Não ia sobrar ninguém. A bomba já estava armada para explodir cinco minutos depois do horário do encontro. Ele mesmo a fez. Toda a área do galpão seria explodida. Ele não iria. Estaria na hora assistindo o maestro alemão Helmuth Rilling no Teatro Municipal se deliciando com Bach, que prometia uma apresentação soberba da Missa em Si Menor. Ninguém poderia dizer que ele estaria envolvido. O Doutor Freed D’olison era um aficionado por opera. Muitas vezes ia a Europa só para ver um grande regente.  Chiquita de Cassiole estava ao lado dele. Quando o espetáculo terminou ouviu um zum zum no salão. Ele já sabia o que seria. Que fossem para o inferno, pois antes eles do que eu.

           Os jornais no outro dia se divertiam com suas manchetes sensacionalistas. Não sobrou ninguém no galpão. A polícia disse que foi uma explosão criminosa. Já sabiam quem seria o responsável, mas como provar? Porque ele o capo mais temido não estava lá? Chiquita de Cassiole definhava a olhos vistos. Dona Manfred D’olison mãe do Doutor Freed D’olison passou a gostar de Chiquita. Temia por ela, pois conhecia seu filho. Quando ela começou a emagrecer e tossir sem parar ela pediu ao filho que perdoasse Chiquita. Ela precisava viver. Ela nunca teve uma filha e a considerava como uma. Ele mal levantou a cabeça. Nem piscou. Não disse nada. Ela sabia que não haveria perdão. Chiquita de Cassiole morreu um mês depois. Ninguém soube por quê. Não ouve nenhuma investigação. Foi enterrada no mausoléu da família Cassiole no Cemitério da Consolação. Menos de vinte pessoas presente.

             Dona Manfred D’olison evitava comer junto ao filho. Tinha medo de também se envenenada. Ela sabia que ele nunca a amou como mãe. Deve ter sabido que ele foi rejeitado por ela no hospital. Vivia pelos cantos da mansão desvencilhando dele de cômodo em cômodo. O viu matar muita gente e curar outros tantos. Ele não tinha amigos e ninguém se aproximava dele. Um segurança jura tê-lo visto uma noite com um tridente soltando rajadas de fogo na varanda da mansão. Jurava também que ele estava com dois chifres e ria como louco. Saiu em desabalada carreira pela rua e nunca mais voltou. Doutor D’olison viveu muitos e muitos anos. Sua mãe tentou matá-lo um dia. Achou que ele estava dormindo. Engano. Ele a aprisionou num sótão da mansão e ninguém deu falta dela. Claro que ninguém a conhecia direito. Ele não recebia visitas e nunca a apresentou a ninguém. Dos vintes seguranças ninguém mais deu noticia dela. Se morreu se foi embora ninguém sabia de nada.

                 Os capos da Unione Siciliana evitavam vir ao  Brasil. Ninguém sabia como enfrentar o Doutor Freed D’olison. Muitos deles usaram de seu serviço e tinham uma admiração por ele como médico. Eles sabiam que no Brasil tudo funcionava diferente. Não havia os soldati, os caporegimes, os capos ou capitães e nem tampouco o sotocapo e o principal deles o consigliere. Para eles aqui não havia máfia. Nunca ouve. Mas uma enorme quantia em dinheiro corria por todos os lados. Sabendo explorar seria uma mina de ouro. Só que ninguém conseguia montar nada semelhante aqui. Morriam um atrás do outro. Um dia desceu no aeroporto de Cumbica pelo voo 354 da Alitália um homem baixo, com uma enorme corcunda e sumiu em meio à multidão. Dois dias depois embarcou de volta para a Itália. O que veio fazer aqui ninguém soube.  Só souberam que o Doutor Freed D’olison desapareceu sem deixar rastros. A policia com um mandato revistou peça por peça de sua casa. Encontraram varias ossadas enterradas. O IML ia ter muito serviço para identificar.

                  A vida dá a uns o que merecem e a outros o que não mereciam. A cada um de cada um. Só sei quem muitos reis, rainhas, presidentes e presidentas, sem considerar uma infinidade de senadores e deputados e os participantes fixos e honorários da Lista de Bilionários da Forbes também sentiram falta das mãos mágicas do Doutor Freed D’olison. Mas tudo tem o seu final. Ele também teve o dele. Que foi que contratou e quem foi quem executou nunca saberemos. A Máfia, os Ufos, O Vaticano e a Cia quem sabe poderiam ter em seus arquivos alguma história parecida. Mas nós simples mortais morreremos na esperança de que todos são inocentes perante a lei!

Eu te amo!


Ela gritou!
Tinha conhecimento do que se passava no coração
Era difícil conter a voz
Abandona essa ira
Chuta o pessimismo
Não existe amor impossível
Desculpe se costumo agir sem pensar
Quero tudo que deseje compartilhar
Deleta o nada
Dá um sinal
Emite um som
Mesmo que seja: 
Menina chata, me deixa em paz!
Aproveita a Lua Nova
Perdoa-me vai!



Jmattos

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