Bem vindo ao blog do Osvaldo

Seja bem vindo a este blog. Espero que aqui você encontre boas historias para passar o tempo, e claro, que goste.

Honrado com sua presença. Volte sempre!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dom Pancho e sua galinha dos ovos de ouro



CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.

Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.

Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...


DOM PANCHO E SUA GALINHA DOS OVOS DE OURO

                       Isto mesmo. Dom Pancho. Era seu nome verdadeiro. Não, não se enganem a história não se passa no México e nem na Espanha. Ela é quase toda em Martelo do Birimbau. Um lugarejo perdido no interior do Piauí. Bem próximo a Jenipapo, onde se desenvolveu a célebre batalha do mesmo nome, às margens do rio Jenipapo. Risos. Não riam. É verdade. Os historiadores sabem, ela foi decisiva para a Independência do Brasil. Consistiu na luta de piauienses, maranhenses e cearenses contra as tropas do Major João José da Cunha Fidié, Comandante das tropas portuguesas. Não vamos aqui entrar na história. Deve ser bem conhecida de todos os brasileiros (risos). (História real. Aconteceu).

                      Dom Pancho nasceu em julho de 1950. Sua mãe, Eduardina Pereira, e seu pai, Mello Leitão Pereira, levaram-no para batizar em Martelo do Birimbau um mês depois. O tabelião, Sr. Marcondes das Onças, não quis aceitar o nome. Não pode, dizia. É nome estrangeiro. Veio das estrangerias. Proibido no Brasil. Os pais ficaram inconsoláveis. Tentaram explicar que era um nome de um grande espanhol chamado de Dom Caixote das Manchas. Ela tinha visto um livro. Por que não? Marcondes disse que era Dom Quixote de La Mancha e não Dom Caixote. Tudo a mesma “merda”, ela disse.

                      Mesmo assim, nada. Marcondes das Onças irredutível. Dona Eduardina chorava o dia inteiro. Mello Leitão não aguentou. Pegou sua garrucha velha e disse. – Vamos. Se não registrar, mato aquele “filudaputa”. E ele vai tabeliar nas “prefundas dos infernos”. Marcondes não titubeou. Registrou o menino.

                      O pobre não podia ir à cidade. A meninada corria atrás gritando: Dom Puxa-puxa. Vai puxar até o saco rebentar! Dom Pancho chorava. Resolveu reagir. Preparou um belo cacete de pau Brasil, limpou, lixou e estava no papo.

                     A meninada levou cacetada por todo lado. Mudaram seu nome de Dom Puxa-puxa para “Dom Cacete”. Melhor. Mesmo assim não gostava. O tempo passou. Não frequentou a escola. Seu pai sumiu para São Paulo quando tinha cinco anos. – Vou juntar dinheiro e buscar vocês. Nunca voltou. Sua mãe não chorou. À “merda”, com ele dizia. Que se “foda”. Dizia que ele se “amigou” com uma “puta mineira”. Que ele fosse “prá casa do caraio”. Era assim, sua mãe. Desbocada. Paciência. Dom Pancho não era assim. Palavrão? Nunca. Religioso? Não sabia.

                    Um dia levantou e não viu sua mãe na cozinha. Procurou no terreiro e nada. À tarde, desistiu de procurar. Estava com 17 anos. Só podia ter caído no rio do “Mardito”. Rio Amarelo. Sua mãe o chamava assim porque seu pai desceu de canoa e nunca mais voltou. Mardito! Dizia. Cinco dias depois a acharam inchada, perto do rio em São João do Livramento. Alguns a reconheceram. O enterro foi simples. Ali mesmo atrás das bananeiras da casa de Dom Pancho. Dom Pancho não chorou. Ninguém se preocupou. Era um rapagão forte, com um e setenta e cinco de altura, pardo, cabelos lisos, peitoral que mostrava exercícios frequentes. Nada disso. Apenas roça, pesca e cuidar das galinhas e cinco porcos. Duas prenhas.

                   Pouca gente sabia, mas Dom Pancho tinha um amor secreto. Cinco galinhas que ele criava com carinho. Tinha mais trinta, mas não era da turma de Dom Pancho. Bem, para dizer a verdade eram seis. Ele dizia cinco porque a Siri ele não contava. Nome interessante, mas bem apropriado. Siri só andava de costas. Risos. Verdade mesmo! Nunca andou normalmente. A galinhada no terreiro ciscando e Siri ciscando de costas! Dom Pancho achou interessante quando ela nasceu. Pensou que era cega, mas não era.

                  Quando ela botou seu primeiro ovo, viu que era azul. Azul escuro. Estranhou. Foi até a cozinha e bateu o ovo na mesa. Vamos ver essa “omileta” da Siri como era. Nada, não tinha gema. Parecia que uma pequena pedrinha balançava e ele viu que era uma pepita redonda. Um pouco maior que um feijão. Ouro? Será? Melhor guardar. Se desse bandeira, iam roubar Siri. Dom Pancho juntou muitas pepitas. Siri só botava oito ovos por ano. Dom Pancho cresceu. Vinte anos, trinta, trinta e cinco. Não casou. Não conhecia ninguém. Ia a Martelo do Berimbau três ou quatro vezes por ano. Só para comprar sal, “pementa” do reino, “pementa” malagueta e algumas roupas, umas rapaduras que gostava muito e mais nada.

                  Ele tinha o que precisava. Plantava arroz, feijão, mandioca, uma horta com quiabo, tomate, couve e muitas outras verduras. O rio do Mardito dava muitos peixes. Matava um porco a cada seis meses. Tinha cinco latas de vinte litros. Guardava lá tocinho frito na gordura, pedaços de carne e era um craque em fazer linguiças e chouriço. Adorava. Fazia chouriço doce e salgado. Delícia. Até minha boca encheu d’água. Assim vivia sozinho sem ninguém. Vizinhos de vez em quando vinham e compravam alguma coisa dele. Um verdadeiro ermitão. Sua companhia era Siri e a galinhada, o galo Mico Seco seus porcos e as estrelas. Não precisava de mais.

                - Duda perdeu seu padrasto com quinze anos. Eduarda Leitão Pereira. Seu nome completo. Seu padrasto se chamava Mello Leitão Pereira. Isso mesmo. O pai de Dom Pancho. Em São Paulo, amigou com sua mãe quando ela tinha um mês de vida. Sua mãe morreu de doença nos rins. Seu padastro a criou como uma filha. Nunca contou sua vida, mas um dia ela viu uma carta de Eduardina Pereira, sua mulher verdadeira, na cômoda de quatro gavetas. Leu. Nossa! Quanto palavrão. Ela o chamava de viado, filodaputa de uma égua, castrado, parido no meio dos infernos.

                  Deixou a carta no lugar e nunca mais pegou. Mello Leitão morreu ao cair de um andaime do prédio onde trabalhava. A firma disse que não podiam entregar para ela a indenização. Era menor de idade. Iriam abrir uma caderneta para ela. Quando fizesse vinte e um anos, poderia retirar. Sabia que era conversa. Não iam depositar “porra” nenhuma. Que enfiassem no “rabo”. Duda também falava palavrão e muito. Pensou que se ficasse ali iam levá-la para um orfanato. Juntou um dinheiro que encontrou nas gavetas, nada mais que uns duzentos reais, fez as malas e partiu.

                  Quinze anos, bem bonita, coxas firmes, seios grandes, cabelos longos e negros caindo nos ombros, olhos negros enormes. Um sorriso de deixar qualquer um baqueado. Sabia que muitos a desejavam. Mas sempre disse a si mesma que só ia “dar” para quem casasse com ela. Teve alguns namorados. Beijos, amassos e mais nada. Todos querendo que ela pegasse no “pinto” deles. Nunca. Mandava tomar no “rabo” e ia embora. Risos. Não se assustem. Duda era assim mesmo. Para dizer a verdade muitos achavam que ela tinha mais de 20 para sua idade.

                 Antes de ir, pegou a carta da mulher do seu pai. Olhou o endereço. Martelo do Birimbau. Sabia como chegar a Jenipapo. De lá, perguntaria. Isso mesmo. Ia fazer uma surpresa. Iria dizer que era filha de Mello Leitão Pereira. Para isso tinha a certidão de quando a registrou. Demorou cinco dias até chegar a Martelo do Birimbau. Perguntou tanto que achou um canoeiro chamado de Chico Louco. Na beira do rio Mardito ele sentado em sua canoa velha, cantava:

Segunda-feira de tarde, tava caindo garoa,
Cheguei na beira do rio, peguei a velha canoa.
E a canoa foi rodando...
Aí, eu fui sentado na proa.
Lá no porto das araras, que o rio Mardito desagoa
Vou entrando na vazante água pesada recoa...
No lugar que não dá nada a gente descorçoa.
Deixo o meu anzol de espera onde o peixe grande amoa.
Eu volto alegre pro rancho...
Ai, ai quando faço pesca boa. (*)

                    Não o deixou terminar. Ela era direta, sem rodeios. Seu Chico, me leve até a casa de dona Eduardina Pereira? Quanto vai me cobrar? Ele olhou aquela menina “gostosa” e disse. Só se for para Dom Pancho. Filho dela. Ela morreu “fogada” no rio faz uns 20 anos. Duda pensou, pensou e disse “vamo” lá seu Chico. Pago vinte. Ele topou. Ela entrou com a mala e partiram. Eram umas duas da tarde. Estava escurecendo quando chegaram. Seu Chico mostrou a casinha e voltou rio abaixo.

                     Duda viu Dom Pancho sentado num banquinho de madeira fumando um cigarrinho de “paia”. Cumprimentou e ele não respondeu. – Sou filha do Sr. Mello Leitão de Oliveira. Dom Pancho só olhou. Entrou e fez sinal para ela entrar. Fritou uns ovos, umas linguiças e tinha arroz do almoço. A mesa estava cheia de coisas. Não dava para usar. Jantou no banquinho do lado de fora. Estava com fome. Ele mostrou uma esteira em um canto da cozinha. Fez sinal para ela dormir ali. Ele dormia no quarto da mãe. Só dois cômodos.

                    Dom Pancho ficou cismado. Mas a “muié” era boa prá “caraio”. Muié não. Uma menina. Mas gostosa, muito. Dom Pancho ainda era virgem. Tentou várias vezes “comer uma porca”, não deu. Sujou-se todo de “merda”. Desistiu. Será que era sua irmã mesmo? Melhor “assuntar” devagar. Tinha tempo. Ela veio para ficar. Sabia pelo seu tipo. Precisava de companhia. Se fosse irmã, tudo bem. Era bem-vinda. Chega de viver sozinho naquela terra de ninguém.

                  Os dias foram passando. Dom Pancho começou a gostar de Duda. Era trabalhadeira. Ajudava em tudo. Não ficava parada. Cuidava da cozinha e ainda ajudava na roça. Duda riu de “braçada” quando viu a galinha Siri. De costas! Deus, o que era aquilo? Dom Pancho riu com ela. Sempre foi assim. Dom Pancho começou a falar o que nunca falou. Pudera desde que sua mãe morrera ficara sozinho ali por 20 anos. Falar com quem? Só com Siri e suas galinhas.

                  Seis meses depois, Duda e Dom Pancho fizeram amor. Ela não sabia. Ele também não. Mas foi gostoso. Assim os dois disseram. Dom Pancho foi à cidade para oficializar o casamento. O Sr. Marcondes das Onças ainda era o tabelião. Bem velhinho. Mas vocês não são irmãos? Não, disse Dom Pancho. Ele ia retrucar, mas lembrou do pai de Dom Pancho. Melhor não facilitar. Fez o casamento. Resolveram ir até Jenipapo. Dom Pancho levou suas economias e lá ficaram dois dias. Foram ao cinema e se assustou com o filme. Um faroeste! Quantos tiros. Já ia correr quando Duda disse que era só na tela.

                 No hotel pediram certidão de casamento. Duda olhou o porteiro e mandou ele se “foder”. Aqui tá minha identidade. Ele não tem. Vai tirar. Mas você é menor de idade disse. Menor o “cacete”. O porteiro se calou. A menina ou era puta ou era um biscate. Deu as chaves. Pagaram adiantado. Foram comer em um restaurante. Duda ensinou a Dom Pancho como usar a faca e o garfo. Ele achou uma frescura. Partiu o bife com os dedos. Duda ria de Dom Pancho. Adorava ele. Se existia amor, ela o amava.

                Quando voltaram para o sítio, ela viu um ovo azul que Siri tinha botado. Dom Pancho contou. Ela foi ver. Cento e tantas pedrinhas. Agora mais uma. Uma fortuna. Dom Pancho, vamos mudar isso. Você vai comigo até São Paulo. Vamos vender umas e você vai ver. Chega de viver na miséria. Dom Pancho concordou. Mas onde vamos deixar as galinhas e os porcos? E a Siri? Siri vai conosco. Falo com Chico Louco, o canoeiro. Dou a ele uns cinquenta para ele vir aqui todos os dias tratar. Parece-me ser uma boa pessoa.

               Dom Pancho se assustou com a cidade. Sempre com a Siri debaixo do braço. Muita gente rindo dele. Casas de uma altura tremenda. Quantos moram aí? Perguntava. Duda ria e respondia. Entrou no metrô. Com a galinha não pode, disse o guarda. Olharam e o trem entrou num buraquinho e sumiu. Puta merda! “Tamo fudido”. Neste buraco não vou, disse. Duda não parava de rir. Dá peixe nesse rio fedido? Era o Tietê. Não. Mas tem capivara. Cacete! Como elas vivem? Dom Pancho perguntou por que todo mundo conversava com um “trequinho” preto na mão. Celular, Dom Pancho. Vou comprar um para nós. Dom Pancho riu. Falar com quem? Só se fosse com o capeta!

                 Venderam 35 pedras. Apuraram cinco milhões de reais. Uma nota. Voltaram. Duda mandou construir uma casa nova na colina. Dois andares. Quase uma mansão. Estilo vitoriano. Uma vista linda para o rio Mardito. Comprou um carro. Mandou abrir uma estrada até a rodovia. Vinte quilômetros. Mobiliou. Contratou mão-de-obra. Comprou um trator. Plantaram soja. “Enricaram”. Duda adora Dom Pancho. Dom Pancho adora Duda. Siri era tratada como uma rainha. Um galinheiro bonito, uma casinha no puleiro e muito milho. Sempre cozido para não fazer mal.

                  Quando fez 21 anos, Duda voltou a São Paulo. Levou com ela três jagunços matador. Zé do Bode, Chico Boa Morte e Mané Castrador. Chegou ao prédio da construtora e foi direito na sala do Presidente. A secretária fez tudo para não deixar – Lembra de mim? Ficou de depositar em uma caderneta a indenização do meu pai. Dr. Julio sorriu azedo. Chamou o Diretor Financeiro. Não tinha poupança. Calcularam e deram a ela um cheque de dez mil reais. Duda riu. Nem pensar. Na época eram uns quarenta mil. Se passaram oito anos. No mínimo uns trezentos e cinquenta mil. Me dá trezentos e “tamo” conversado. – Não, disse o Dr. Julio. Duda chamou Mané Castrador. Castra esse filho de uma égua. Zé do bode enfia seu punhal no rabo dele. Chico Boa Morte, limpa a pança desse “porra” barrigudo e corte o “pau” dele com seu punhal. Saiu de lá com a quantia esperada.                                        

                  Comprou um título de comendador para Dom Pancho. Comendador Dom Pancho. Ele queria de Coronel. Ela comprou também. Agora era o Coronel Comendador Dom Pancho. Ele comprou um chapelão preto tipo mexicano. Charutos. Camisas de seda. Um “trequinho preto falante” nas mãos. Ficava na varanda feito uma Maria Fumaça. Ria. Boa vida agora. Dinheiro, casa boa, uma “periquita” gostosa à disposição. Nunca usou outra. Adorava sua mulher. Ela era um pau de toda obra. Ele virou um folgadão, mas nunca um aproveitador. Quem te viu e quem te vê. Fizeram um porto. Pequeno. Um bom barco a motor.

                   Siri viveu por muitos anos. Morreu no dia que Dom Pancho morreu. Aos noventa anos. Duda ainda viveu mais. Até os noventa e cinco. Tiveram onze filhos. Todos letrados. Dom Pedrito o mais velho, dirigia a fazenda quando morreram. Etelvina, Macaima, Dom Pixote, Dom Lá Mancha, Dom México, Dom Espanha, Matilde, Dom Sancho Pança, Lorenita e Dom MacBeth ficaram por ali até crescerem. Uns foram para os Estados Unidos. Outros para a Espanha.

                  Quando Siri morreu, de seu último ovo nasceu um pintinho. Deram o nome de “Espirro”, vivia espirrando. Seu primeiro ovo também tinha dentro uma pepita de ouro! E como dizem os contadores de história, viveram felizes para sempre! Quem? O “cacete” que viveram!!! Risos e risos!!!

(* Letra de Zé Carreiro / Vieira, cantada por Tião Carreiro.)


A flor de Maracujá

Apois antonce
Eu lhes conto
A história que ouvi contá
A razão purque nasce roxa
A frô do maracujá
Maracujá já foi branco
Eu posso inté lhe jurá
Eu posso inté lhe jurá
Mais branco que a caridade
Mais branco do que o luá
Quando as frô brotava nele
Lá pros confim do sertão
Maracujá parecia,
Um ninho de argodão

Mais, um dia...
Há muito tempo,
Num mês que inté não me lembro
Se foi maio... se foi junho
Se foi janeiro ou dezembro
Nosso Senhor Jesus Cristo
Foi condenado a morrê
Numa cruz, crucificado
Longe daqui, como quê

E havia junto da cruz
Aos pés de nosso Senhor
Um pé de maracujá
Carregadinho de frô

Pregaram Cristo a martelo
E ao ver tamanha crueza
A natureza inteirinha
Pôs-se a chorá de tristeza
Chorava o vento nos campo
Chorava as fôia e as ribeira
Sabiá tomem soluçava
Nos gáio da laranjeira
E o sangue de Jesus Cristo
Sangue pizado de dô
No pé do maracujá
Tingia todas as frô
Catulo da Paixão Cearense

Nenhum comentário:

Postar um comentário